Entre Letras e Câmeras: O Curioso Caso da Proibição de Escrever no Big Brother Brasil

Juliana
2 min readJan 24, 2024

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Vocês sabiam que é proibido escrever no Big Brother Brasil? Fiquei sabendo disso outro dia e, confesso, me causou uma espécie de desconforto cômico. Proibir de escrever, vejam só! Para alguém como eu, cuja existência se entrelaça com o ato de escrever, essa ideia soa quase como uma sentença de isolamento maior do que os próprios muros da casa.

Aqui estou eu, narrando esta crônica, dedos dançando sobre o teclado com uma familiaridade que só anos de prática proporcionam. Mas, apesar dessa agilidade digital, há textos, confissões, devaneios, que teimam em fluir somente da ponta da caneta. Há algo no riscar do papel, uma intimidade, um ritual, que o teclado não consegue replicar.

Essa necessidade quase física de escrever me faz pensar nos confinados daquela casa vigiada, privados da possibilidade de rabiscar um pensamento, de desenhar uma ideia. Será que eles sentem falta? Será que percebem o vazio deixado pela falta da escrita? Ou será que, naquele emaranhado de relações e câmeras, a escrita se torna apenas mais uma memória distante?

Escrever é como respirar para mim. Há um ritmo, uma cadência que se ajusta ao estado de espírito, à urgência do pensamento. Como narradora dessa minha própria história, vejo cada frase que surge na tela como um passo mais em um caminho sem destino definido. É uma viagem sem mapa, onde cada palavra é uma paisagem nova, cada ponto final um descanso momentâneo.

Engraçado pensar que, enquanto me debruço sobre minhas elucubrações, os participantes do BBB enfrentam um universo onde a palavra escrita é um território desconhecido. Lá, as palavras são ditas, não escritas; são efêmeras, não eternizadas. Uma realidade onde a reflexão é substituída pela ação, o introspectivo pelo extrovertido.

Ao me perder nesses pensamentos, dou-me conta de que, de certa forma, também estou confinado. Mas minha prisão é feita de palavras, frases, parágrafos. Uma prisão confortável, onde cada cela é uma história, cada grade um verso. E nessa prisão voluntária, encontro uma liberdade que talvez falte aos habitantes da casa mais vigiada do Brasil.

E assim, entre risos silenciosos e suspiros digitados, sigo na minha jornada literária, explorando os labirintos da mente e do coração, descobrindo novos caminhos a cada linha que escrevo. Quem sabe, os participantes do BBB, ao saírem de seu confinamento, também (re)descubram o prazer da escrita, encontrando nas palavras um novo mundo a ser explorado.

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Written by Juliana

Crônicas sobre papel, caneta e arte.

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