Na tapeçaria da vida, sempre costurei amizades com fios de confiança e carinho. Cada amigo era uma estrela no céu da minha existência, brilhando com luz própria. Havia, porém, uma estrela que brilhava com um fulgor especial, pensava eu, guiando-me nas noites mais escuras. Mas o brilho, ah, o brilho era falso — uma mera ilusão criada por um narcisista habilidoso em sua arte de enganar.
Esta estrela, a quem confiei segredos e sorrisos, revelou-se uma sombra. Suas ações, antes vistas como atos de amizade, eram, na verdade, tramas de deslealdade. As conversas compartilhadas, eu descobri, eram apenas sementes plantadas para colher intrigas. E assim, a máscara caiu, revelando não um amigo, mas um lobo em pele de cordeiro.
Mas, talvez mais doloroso do que a traição, foi o silêncio dos outros. Os amigos que, sabendo da verdade, escolheram o conforto do silêncio ao desconforto da confrontação. Era um pacto silencioso de cumplicidade, onde a verdade era a grande sacrificada.
Foi então que lembrei da fábula dos dois lobos que habitam dentro de nós, um conto de sabedoria ancestral. Há o lobo da raiva e vingança, e há o lobo da serenidade e compreensão. Ambos lutam dentro de mim, disputando o alimento de minhas emoções.
Diante desta encruzilhada emocional, optei por uma terceira via. Decidi não alimentar nenhum dos lobos. Não cultivei ódio, nem me perdi em desejos de vingança. E igualmente, não forcei o perdão. Simplesmente deixei a estrela traidora desvanecer no meu céu, tornando-se uma lembrança distante, sem luz própria.
Os outros, os que se calaram, permaneceram em suas órbitas, talvez nunca compreendendo o valor da verdadeira amizade. Aprendi, com essa experiência, a valorizar as estrelas que realmente merecem brilhar no firmamento da minha vida.
Agora, caminho com a certeza de que a verdadeira força está em escolher qual lobo alimentar — ou, às vezes, em não alimentar nenhum deles. É um ato de liberdade deixar morrer, no coração, aqueles que traíram a confiança, sem ódio, apenas com a sabedoria de quem sabe que algumas estrelas estão destinadas a perder o brilho.